quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Seabiscuit - A História do Páreo do Século. Uma lição para valorizarmos estrutura e bagagem genética!


Seabiscuit, foi um cavalo Puro-Sangue Inglês, e tem uma história muito interessante para nos contar. É a versão eqüina de “Davi e Golias”.
Em busca das origens do cavalo Puro-Sangue Inglês o casal Wilfrild e Lady Anne Blunt, foram ao oriente com a ambiciosa missão de encontrar descendentes da linhagem Darley, famoso cavalo árabe de onde descendem as linhagens de corrida desta raça e as famosas linhagens formadoras, MATCHUM, HEROD E ECLIPSE. Depois de muitos anos de melhoramento, destas linhagens se originaram os grandes cavalos de pista ingleses.
Alguns garanhões importantes nas corridas destas linhagens que podemos destacar:

Nasrullah
Blod Ruler
Court Martial
Broomstick
Mahmoud
Teddy
Sir Gallahad III
MAN O’’WAR
Princequillo
Khaled

Entre eles destaca-se especialmente, Man O’’War.
O cavalo Man O’’War tinha temperamento difícil, mas era um espetacular corredor e dos 21 grandes prêmios que disputou ganhou 20. Seu filho Hard Tack, pai de Seabiscuit, também tinha qualidades para corridas, mas tinha seu temperamento e conta que certa vez, que esse animal “afincou os cascos no chão” no momento da largada e não saiu, era um grande expoente em desobediência e era muito perigoso. A égua Swing On, era a mãe de Seabiscuit, e de tanto sua dona torcer para que o produto não puxasse o temperamento do pai, que foi o que aconteceu. Seabiscuit, filho de Hard Tack e Swing On, tinha um temperamento diferente de seu pai. Era dorminhoco e quando novo nunca apresentou resultados expressivos em corridas, outro talento que tinha era comer, e apesar ser bem mais baixo que os potros de sua idade, comia muito mais do que eles. Foi por isso vendido e aposentado, mas o que não se sabia, era que ele tinha sim o temperamento guerreiro de seu avô, só precisava do estimulo certo.
Muitas águas rolaram e depois de varias vitórias inesperadas Seabiscuit desafiou o melhor cavalo de corrida de todos os tempos, War Admiral. E é ai onde a história realmente começa.
Nunca se soube realmente até aquele momento a verdadeira filiação de Seabiscuit, que era praticamente considerado um “vira-latas” de corridas e um cavalo muito inferior pelos grandes criadores e melhoristas ingleses.
War Admiral, filho do grande Man O’’War era imbatível, morfologicamente perfeito e um palmo maior que Seabiscuit.
Na verdade os dois cavalos eram parentes e seus proprietários só foram saber disso anos depois a este acontecimento. Seabiscuit, quando emparelhado com outro animal, resgatava toda sua herança genética de corridas e corria com todo seu coração, não havia quem lhe vencesse, e com War Admiral não foi diferente. Seabiscuit venceu com vários corpos de vantagem.
Só para constar Seabiscuit, pesava 36 quilos a mais que War Admiral, sendo este 1 palmo maior do que Seabiscuit, o que nos leva a concluir que Seabiscuit tinha mais tronco, pulmão, coração e músculos, e isso fazia a diferença, pois ambos tinham o mesmo ancestral e a mesma base genética. Imaginem Mohamed Ali contra George Foreman, foi quase a mesma coisa...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Visita ao Haras EFI






Nesse sábado estive com meus amigos do Mangalarga EFI, em visita à sua propriedade.
Bom, uma coisa posso adiantar, a crise passou longe de Itu!!!
O belo haras está a "todo vapor", com mais de 100 cabeças é um belo exemplo de criação profissional, e união familiar em torno do Mangalarga.
Os sucessos do EFI em pista já são notórios, as bem sucedidas vendas também, e conheçendo a geração 2008/2009, posso adiantar que o sucesso só vai continuar. Tive oprotunidade de ver os produtos dos garanhões chefes do haras, Brilhante da LUA NOVA e Gavião JO, além de produtos de Porre Vargedo, Nero RB, e muitos outros garanhões consagrados, usados na estação de monta do ano passado.
Uma coisa me impressionou, a quantidade de machos de qualidade do haras...Quem quiser comprar garanhão para sua tropa, acho que o EFI é o lugar!!!
Brilhante da Lua Nova - Grande exemplo da evolução do Pampa - Show de cavalo!!!
Sobre o Brilhante, é fácil falar. O cavalo já é uma unanimidade. Muito bem padronizado morfologicamente, temperamento tranquilo e muita estrutura óssea e caixa toráxica. Está com certeza entre os melhores pampas do Brasil. Sua produção é muito boa e homogênea.

Gavião JO - Genuíno produto JO, muita estrutura e porte superior. Com certeza um melhorador de plantel exepcional.

É isso ai pessoal, outro haras que vale a pena conheçer. Abraço, Luiz


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Genética da Marcha - Artigo propositivo.



A GENÉTICA DA MARCHA
De acordo com um interessante estudo publicado por Eldon Eady no livro Heavenly Gaits, somente dois pares de genes produzem os diferentes tipos de andamentos. Um par determina o trote e a andadura e outro par pode atuar como o gene principal ou como gene modificador. Este gene principal altera o mecanismo do trote, ou da andadura, interferindo no mecanismo de dominancia e alterando o modo pelo qual o par de genes do trote e da andadura interagem. O potro (a) recebe cada par de genes do trote e da andadura de cada genitor. Tambem recebe um gene modificador – ou gene do passo, em varios graus de intensidade.
Os pares de genes do trote e da andadura pertencem a uma classe de genes qualitativos, pois regulam a qualidade ou tipo de caracteristicas na prole. O melhor exemplo de um par de genes qualitiativos no equino é o que determina as pelagens preta e alazã. Estes genes apresentam uma relação de dominancia e recessividade, sendo que o par de genes da pelagem preta é dominante sobre o par de genes da pelagem alazã. Somente três possibilidades de combinação: preta/preta, preta/alazã, ou alazã/alazã. Como o gene da pelagem alazã é recessivo, somente quando emparelhar com outro gene da pelagem alazã – estado de homozigose, os mesmos genes – esta pelagem se manifestará. A combinação preta/alazã tende a produzir a pelagem preta. Não se sabe se o cavalo carrega gene da pelagem alazã, exceto se produzir filho (a) de pelagem alazã quando acasalado com égua também alazã. Estes genes recessivos podem permanecer encobertos durante varias gerações, antes de reaparecerem em algum potro (a).
O par de genes trote/andadura atua em um mecanismo similar, mas não idêntico em cavalos não marchadores. O trote é dominante sobre a andadura. Portanto, um cavalo carregando o par de genes do trote não apresenta andadura. Mas um cavalo que carrega genes do trote e da andadura tem uma predisposição forte para o trote, mas poderá apresentar andadura em algumas situações eventuais, geralmente somente na idade de potro em amamentação. Um cavalo puro de andadura, carregando genes emparelhados, em estado de homozigose, terá uma forte predisposição para apresentar andadura, mas poderá trotar em liberdade, especialmente em idades jovens.
Todavia, quando o cavalo carrega um ou dois genes modificadores, denominados de genes principais, o resultado é complexo. Estes genes são classificados como quantitativos, pois regulam as variáveis inseridas nos caracteres, tais como altura, comprimento, tamanho, velocidade, taxa do crescimento dos cascos, etc. Não há um mecanismo claro de dominancia ou de recessividade nos genes quantitativos. Somente atuam produzindo as diferentes variações em um mesmo caractere. As caracteristicas produzidas por genes quantitativos são evidentes em cada individuo, de todas as especies (exceto quando atuam genes ligados ao sexo), mas em diferentes graus. Genes quantitativos sao altamente influenciados pelo meio.
Os genes dos andamentos marchados são tipos complexos de genes quantitativos. A função principal no equino é produzir o passo. Assim, todos os cavalos carregam estes genes, em diferentes graus. Nos cavalos não marchadores, eles são tão fracos que não conseguem interferir nos mecanismos dos pares de genes trote/trote, trote/andadura e andadura/andadura. Em cavalos marchadores, estes genes são fortes o suficiente para interferirem, ou modificarem, os pares de genes trote/andadura. O resultado é espetacular e produz grande variedade de andamentos marchados.
Há somente um tipo de gene da marcha, mas existem mais de cem diferentes meios de atuação. Cada um destes meios de atuação, combinado com as diferentes possibilidades dos genes determinantes do trote e da andadura, produzem as diferentes modalidades de andamentos marchados, que se inserem entre os extremos limitrofes do trote e da andadura.
Como o meio de atuação dos dois genes da marcha (herdados um do pai e outro da mãe) é agtravés do emparelhamento, para determinar o grau da modificação no andamento da prole, será necessário que sejam fortes em cada um dos genitores, para produzir um bom cavalo marchador. O gene mais forte de apenas um dos pais determina somente a metade do caminho.
O gene do passo é o mesmo gene determinante da marcha. Pode parecer confuso, pois cavalos trotadores também desenvolvem o passo, semelhante ao passo dos cavalos marchadores. Alguns cavalos trotadores desenvolvem um passo curto, desequilibrado, antes da transição para o trote. Outros conseguem desenvolver um passo pais amplo, mais veloz, antes da transição para o trote. Outros possuem habilidade de desenvolver o passo de forma cadenciada, nos quatro tempos, empurrando melhor com os posteriores, avançando com mais amplitude os anteriores, com mais soltura de espaduas, usando melhor o pescoço e a cabeça para manter o equilibrio. Assim, o passo, que é uma marcha em baixa velocidade, é claramente uma caracteristica genética de ação quantitativa, de variação continua, de um extremo a outro, a exemplo da própria marcha de média velocidade.
Analogamente, nos cavalos marchadores, são encontrados os exemplares de qualidade superior e os de qualidade inferior na marcha. Alguns conseguem manter uma velocidade inferior, algo em torno de 8 a 10 km/h, mantendo a marcha cadenciada de 4 tempos, até o momento da transição para o galope. Outros alcançam velocidades bem superiores, sendo a média de 12km/h, antes da transição para o galope. Isto acontece porque os gens da marcha são os genes do passo. O passo convencional é a “expressão” mais pura destes genes. Se os genes do passo são fortes, eles passam a atuar como modificadores, interferindo sobre os genes do trote e da andadura, para produzir a marcha – eles fazem com que o cavalo tente se manter no andamento de 4 tempos, ao invés de entrar em um andamento a dois tempos, como no trote ou na andadura. Se os genes do passo são muito fracos para atuarem como modificadores, o cavalo não será marchador, mas encartará o trote ou a andadura a partir do passo.
Aspectos psicológicos ou de treinamento podem gerar o trote em animais marchadores, mas este será tema de outras matérias inerentes a genetica da marcha.
*Lúcio Sérgio de Andrade – Zootecnista, escritor, árbitro de equideos marchadores, Pedidos de livros e DVD’s através da LOJA VIRTUAL DO CAVALO DE MARCHA, hospedada no site http://www.equicenterpublicacoes.com.br/, onde também são disponibilizadas embocaduras e equipamento especializado para doma e treinamento de cavalos de marcha.
II PARTE – DIFERENTES COMBINAÇÕES DOS GENES TROTE/ANDADURA
Agora, vamos abordar as combinações diferentes do trote/andadura, ou seja os genes do grupo passo/passo. Para simplificar, vamos chamar o par de genes do passo de fator de modificação, usando o simbolo ( M ) para o modificador forte – dois genes fortes do passo de cada um dos pais; o simbolo ( m ) para o modificador fraco – um gene fraco e um gene forte do passo de cada um dos pais; e o simbolo ( O ) quando nao ha o fator modificador – um gene fraco do passo de cada um dos pais. O simbolo para o gene do trote será ( T ) e para o gene da andadura será ( P ).
TIPO 1 ( TTO ) – genes do trote emparelhados, sem fator modificador: Este é um dos tipos genéticos mais frequentes. O cavalo executa somente o trote na transição partindo do passo. O passo básico tende a ser lento e de deslocamentos mais retraídos, de pouca flexão, deslocamentos mais curtos. A movimentação de espádua é limitada. O andamento ao trote é áspero.
TIPO 2 ( TTm ) – genes do trote emparelhados, com fator modificador fraco: O passo tende a ser o mais rapido dentre as raças de trotadores. Com frequencia a transição se dá para um tipo de trote desunido e em seguida para o trote convencional.
TIPO 3 ( TTM ) – genes do trote emparelhados, com fator modificador forte: Este cavalo executa um passo de boa amplitude e muita velocidade, sendo que a transição se dá para varios tipos de andamentos marchados diagonalizados e o próprio trote. Salvo nos raros casos de mutação gênica, este tipo não apresentará andadura. Tende a ser um cavalo de bom potencial atlético, de locomoção enérgica e fácil. Conformação e temperamento podem alterar o modo de atuação dos genes da marcha. Representantes da raça American Saddlebred estão incluidos no tipo 3, e os andamentos do tipo “slow gait” e “rack”, que inserem esta raça no roll das “gaited breeds” precisam ser treinados, devido a forte predisposição ao trote.
TIPO 4 ( TpO ) – genes de trote/andadura, sem fator modificador: Neste tipo enquadram-se os representantes da raça Standarbred ( Trotador americano, das corridas de charrete ), que tanto podem correr trotando como em andadura de corrida. Sem treinamento, a tendência é para o trote. Em baixa velocidade, podem alternar trote e andadura.
TIPO 5 ( Tpm ) – genes de trote/andadura, com fator modificador fraco: Este tipo de cavalo enquadra-se na raça Tennessee Walking Horse, mas ainda não é o tipo ideal. O treinamento pode mascarar o andamento. Em velocidade moderada, este tipo de cavalo poderá executar o trote desunido, ou a andadura desunida. Somente o bom treinamento poderá desenvolver o “running walk”, um dos andamentos mais apreciados do cavalo Tennessee Walker. O treinamento inicial deve ser a partir do passo relaxado, de pouca velocidade, muito próximo da variedade passo médio, que a maioria das raças executa. A velocidade pode ser encarada como um “teste de acidez” na genética dos andamentos.
TIPO 6 ( TpM ) – genes de trote/andadura emparelhados, com fator modificador forte: Neste tipo enquadram-se os melhores exemplares da raça Tennessee Walking Horse. Ainda potro (a) este cavalo poderá trotar ou apresentar andadura, e mesmo quando adulto, em liberdade. O treinamento é facil, objetivando um “running walk” de boa progressão, de amplos deslocamentos, ocorrendo a sobre e ultrapegadas ( qualidade muito desejavel na raça ), sem a necessidade do uso de ferraduras super pesadas. No limite da velocidade, a transição se dará para o galope. A produção de um tipo 6 não é garantia plena de qualidade. Devem ser levados em conta, principalmente, fatores extrinsecos, como o treinamento, conformação, temperamento, treinabilidade, qualidade da apresentação em julgamento.
TIPO 7 ( ppo ) – genes da andadura emparelhados, sem fator modificador: Neste agrupamento genético enquadram-se os cavalos de andadura convencional. Raramente trotam, talvez somente quando potrinhos (as). A correção da andadura, para um andamento de equilibrio apenas razoavel, é praticamente impossivel.
TIPO 8 ( ppm ) - genes da andadura emparelhados, fator modificador fraco: É o tipo Tennessee Walker que eleva em demasia os membros anteriores, o que é incrementado através de métodos artificiais, principalmente o uso de ferraduras com calços de até 12cm de altura. As lesões são frequentes. Há registros da prática de infiltrações de produtos quimicos nas articulações dos boletos, joelhos e jarretes, na tentativa de recuperar a lubrificação, e ao mesmo tempo sedar durante periodos de treinamento e de competições. Geralmente, este cavalo tem habilidade para manter com mais facilidade o passo relaxado ( em relação ao tipo 7 ) e a transição para a andadura não será frequente.
TIPO 9 ( ppM ) – genes de andadura emparelhados, com fator modificador forte: É o tipo ideal do Tennessee Walker com ferraduras pesadas. O trote em liberdade é natural, mas raro quando montado.(FONTE: http://www.marchaweb.com.br/)