quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Genética e Herdabilidade do Andamento nos Cavalos Mangalarga(Artigo Adaptado)




ESTIMATIVA DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA O
DESLOCAMENTO EM CAVALOS DA RAÇA MANGALARGA

Mota, M.D.S.1, R.S.A. Prado2 e D.F.M.G. Ferreira3
1Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal. FMVZ, Unesp. Caixa postal 560. CEP 18618-000.
Botucatu. SP. Brasil. E-mail: mdsmota@fca.unesp.br
2Aluno de Pós-Graduação Unesp. Botucatu. Brasil.
3UTAD. Vila Real. Portugal.
NOTA BREVE
PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS
Herdabilidade. Correlações. Eqüino.

RESUMO
Foi estimada a herdabilidade e as correlações
genética, ambiental e fenotípica para deslocamento
em cavalos Mangalarga sob 9865 registros
da pontuação total para o deslocamento e
para a altura à cernelha. Respectivamente as
herdabilidades foram 0,27 (0,026) e 0,47 (0,038),
e as correlações genética, ambiental e fenotípica
entre ambas foram 0,47, 0,02 e 0,18.

INTRODUÇÃO
O cavalo Mangalarga originou-se
principalmente das raças Puro-Sangue
Lusitano e Pura Raça Espanhola;
caracteriza-se pela marcha trotada,
andamento diagonal, bipedal de dois
tempos.
A mecanização agrícola e o êxodo
dos bovinos de corte para outras
regiões, tornaram mais difícil a
observação das qualidades funcionais,
levando à valorização acentuada da
morfologia como critério de seleção.
Somente em 2004, a raça movimentou
aproximadamente 2 milhões de dólares
na comercialização em leilões (US$
4400 por animal) (Campos, 2005).
O presente trabalho objetivou estimar
parâmetros genéticos para características
morfofuncionais em cavalos
Mangalarga a fim de contribuir para
programas de seleção em animais desta
raça.

MATERIAL E MÉTODOS
Os dados de altura à cernelha (m)
e da pontuação total para o deslocamento
fornecidos pela Associação
Brasileira de Criadores de Cavalos da
Raça Mangalarga compreenderam
9865 animais, 79,2 p.100 fêmeas e 20,8
machos, julgados de 1987 a 1992. A
matriz de parentesco aprofundou-se
por até quatro gerações e envolveu
18130 eqüinos. O deslocamento foi
avaliado subjetivamente de zero a
quatorze pontos (ideal). O modelo utilizado
para estimar as componentes de
(co)variância incluiu o efeito aleatório
do animal, além dos efeitos fixos do
grupo contemporâneo (162) e do criador
(1329). O grupo contemporâneo,
(mínimo três cavalos), foi formado por
animais julgados pelo mesmo técnico,
na mesma idade e do mesmo sexo.
Constatou-se a presença de trinta técnicos,
sendo que cada um deles julgou
pelo menos onze animais.
Em termos matriciais tem-se:
y = Xb + Za + e
onde:
y= Vetor das observações para a altura (cm) e
deslocamento (pontos); X= Matriz de incidência
dos efeitos fixos; Z= Matriz de incidência dos
efeitos genéticos diretos; b= Vetor dos efeitos
fixos; a= Vetor dos efeitos genéticos directos; e=
Vetor de erros aleatórios associadas às
observações.
O programa utilizado para a obtenção
das componentes de (co)variância
foi o MTGSAM (Multiple-Trait Gibbs
Sampler for Animal Models) (Van
Tassel e Van Vleck, 1995). Inferências
sob a dispersão dos parâmetros foram
realizadas a partir das distribuições a
posteriori obtidas via amostrador de
Gibbs. O esquema da amostragem
Gibbs considerou o tamanho da cadeia
de 505000, com burn-in de 5000 e
intervalo de amostragem igual a 500,
resultando em 1000 amostras para
avaliação das distribuições a posteriori.
A partir dos valores genéticos
preditos foram separados 10 p.100 dos
machos superiores (porção mais importante
em termos de seleção) para
comparação dos critérios em termos
de valor genético. Assim, selecionouse
os 37 primeiros garanhões para
deslocamento para comparar sua
classificação com la que se obteria
com o valor genético para altura.


RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pontuação média observada para
deslocamento foi 12,01±1,05, com valores
mínimo, máximo e moda 5, 14 e
14, respectivamente. Em princípio, esta
média poderia indicar que os cavalos
Mangalarga apresentam deslocamento
bastante próximo ao ideal, no entanto a
subjetividade e complexidade implícitas
em sua avaliação limitam uma
interpretação mais precisa. A média
para altura à cernelha foi 1,52 ± 0,0042
m, com mínimo, máximo e moda de
1,41, 1,62 e 1,53, respectivamente.
A tabela I ilustra a descrição das
características estudadas(SUPRIMIDA). A herdabilidade
média estimada para este
caráter (0,27) enquadra-se na faixa de
0,20 a 0,50 sumarizada por Richard et
al. (2000) em diferentes raças indicando
moderada associação entre valores
genéticos e desempenhos para
deslocamento em eqüinos Mangalarga.
Embora a herdabilidade indique a
presença de considerável variabilidade
genética passível de seleção, a
variância fenotípica é bastante limitada
para deslocamento, e pouco se
conseguiria melhorá-lo. Em parte, isto
ocorre em função dos técnicos normalmente
não utilizarem a escala inteira
de pontuação atribuível a um caráter
subjetivo, reduzindo a variação entre
os animais (Richard et al., 2000).
A correlação genética média estimada
entre as duas características
(0,47) indica moderada tendência dos
animais geneticamente superiores para
altura apresentarem valores genéticos
superiores também para deslocamento.
Associação genética superior foi relatada
por Miglior et al. (1998) em
Halflinger italianos (0,76), embora
Richard et al. (2000) descrevam, em
diversas raças, correlações genéticas
geralmente baixas entre altura e
desempenho, e Arnason (1984) relate
correlações próximas a zero (ou
ligeiramente negativas) entre altura e
movimentação em Icelandic Toelter.
Com respeito as correlações ambiente
(0,02) e fenotípica (0,18), observa-
se independência entre as características,
de modo que os fatores
ambientais que influem uma delas, não
têm relação com os que interferem na
outra, e que os animais recebem
pontuações maiores (ou menores) para
deslocamento, independentemente de
suas alturas à cernelha.
A figura 1(SUPRIMIDA) apresenta os valores
genéticos médios para o deslocamento
quando a seleção é efetuada utilizando-
se como critério os valores genéticos
médios preditos para o próprio
deslocamento e para a altura á cernelha,
somente os 10 p.100 dos garanhões
superiores, por ser esta a fração mais
importante em termos seletivos. Observa-
se que haverá redução na
resposta à seleção para o deslocamento
se esta for realizada com base na
altura. Esta diferença, dependendo da
fração de reprodutores selecionada,
pode chegar a mais de 4 décimos da
pontuação para o deslocamento, em
termos de valor genético médio.
Embora o deslocamento tenha mostrado
variabilidade genética aditiva para
se obter ganho genético razoável, a
subjetividade com que é avaliado limita
sua interpretação e aplicabilidade.
Nesse sentido, a utilização de tabelas
de pontuação lineares poderia ser alternativa
importante para se diluir a
subjetividade da avaliação, e fornecer
aos criadores de Mangalarga uma
ferramenta mais efetiva para a seleção.
Apesar da correlação genética entre
altura e deslocamento ser de
intensidade moderada e em sentido
favorável, é importante que criteriosa
apreciação seja feita durante a seleção
dos animais geneticamente (principalmente
entre os 10 p.100) superiores
em ambas características, a fim de
maximizar os ganhos genéticos.

BIBLIOGRAFIA
Arnason, T. 1984. Genetic studies on conformation
and performances of the Iceland Toelter
horses. Acta Agric. Scand., 34: 409-462.
Campos, J.M. 2005. Eqüinos: Balanço anual
mostra estabilidade nas vendas. DBO Rural,
291: 137-140.
Miglior, F., G. Pagnacco and A.B.Samore. 1998.
A total merit index for the Italian Haflinger
horse using breeding values predicted by a
multi-trait animal model. In: 6 th Wcgalp, XXIV:
416-419. Armidale, Australia.
Richard, A., E. Bruns and E.P. Cunningham. 2000.
Genetics of performance traits. In: The
Genetics of the Horse. Ed. by Bowling, A.T.,
& Ruvinsky, A., CABI Publishing, 411-438.
Van Tassel, C.P. and L.D. Van Vleck. 1995. A
manual for use of MTGSAM. A set of
FORTRAM programs to apply Gibbs sampling
to animal models for variance component
estimation [DRAFT] ARS. USDA.
Interessante notar que o artigo sugere uma correlação positiva entre, maior altura de cernelha e melhor deslocamento, ou andamento. Isso pode se dar porque estes indivíduos geralmente são os de caracteristicas morfológicas e de seleção mais apurados ou pode indicar que tudo aquilo que se prega sobre cavalos mais compactos terem andamento melhor, está errado. Faça sua análise...A ciência, não mente!!! Abraço a todos!!!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Escalada NLB X Ventaneiro do Sheik


Escalada NLB(Faz Yporã jan/2009)


Ventaneiro do Sheik(Galeria Gilberto Diniz Junqueira)

A receita não é nova, mas os temperos, sim!!!
Escalada NLB e Ventaneiro do Sheik, sangue novo e muita qualidade morfologica e funcional. Vamos ver o que vai dar! Produto aguardado para 2010...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cavalgadas em Pernambuco



Ótima reportagem na revista Horse, deste mês, mostrando as trilhas pelo estado de Pernambuco, em especial na região de Gravatá. A “suíça brasileira”!!!
Sou suspeito em falar, mas vale a pena conhecer o estado e fico feliz em saber que finalmente a vocação de turismo equestre da região está sendo explorada. Parabéns Pernambuco!!!

Óleo na Dieta de Equinos

A utilização de lipídeos na alimentação de equinos de alto desempenho atlético tem se mostrado uma prática cada vez mais comum no mundo dos esportes equestres. Pessoalmente nunca tive que lidar com cavalos de corrida ou de esportes, mas já preparei uma potra para exposição suplementada com óleo de arroz e já ajudei um cavalo bem difícil de ganhar peso com uma suplementação de 200ml de óleo de soja, dividido em duas vezes ao dia. Foi “tiro e queda”!!! Está dada a dica...
Vejam um trechinho de um trabalho feito pela Universidade Federal de Minas Gerais:

Efeito do nível de óleo de milho adicionado à dieta de eqüinos
sobre a digestibilidade dos nutrientes
[Effect of level of corn oil in the diet of horses on the nutrient digestibilities]
T. Resende Júnior1, A.S.C. Rezende2*, O.V. Lacerda Júnior1, M. Bretas3
A. Lana2, R.S. Moura3, H.C. Resende1

...”O uso de lípides na dieta de eqüinos parece ser
uma alternativa eficiente para as categorias com
alta exigência energética. Supri-la utilizando
apenas carboidratos exigiria grandes quantidades
desses nutrientes que, se oferecidos em excesso,
poderiam trazer conseqüências indesejáveis
como laminite e cólica. Meyer (1995) mostrou
que um aporte excessivo de substratos de fácil
fermentação (amidos, açúcares, proteínas) na
dieta dos eqüinos pode levar a alterações da flora
no intestino grosso, culminando com o aumento
de produção de ácidos, principalmente lático, ou
formação de gases (timpanismo), associado à
digestão irregular do alimento. De acordo com
Lawrence (1990, 1995), o principal benefício da
introdução dos lípides no alimento diário dos
eqüinos é fornecer maior quantidade de energia
quando já se alcançou a taxa máxima de
consumo de matéria seca. Valentine et al. (1998)
e Hintz (1999) concordaram que a mudança na
dieta de carboidratos para gorduras reduziu a
severidade dos danos musculares, como a
rabdomiólise, nos eqüinos de esporte”...